Anamnese Completa

 

 

Identificação: Solicitar os seguintes dados: Nome completo, data do nascimento, idade atual, sexo, origem étnica, naturalidade, procedência, cor, endereço, escolaridade, ocupação, religião.

QD (Queixa e duração)
: Registro e duração do sintoma, ou dos principais sintomas que motivaram a consulta.

*SEMPRE QUE HOUVER DOR: 10 Características semiológicas da dor.

–Local da dor –Tipo da dor –Intensidade –Irradiação –Duração – Como começou/Fatores desencadeantes –Fatores de melhora –Fatores de piora –O que vem junto com a dor? –Fazer a Evolução da dor.

HPMA (História Pregressa da moléstia atual):

Descrição PORMENORIZADA (com base na fisiologia e semiogênese) e CRONOLÓGICA dos sintomas da doença atual e sua evolução, desde o início até o momento atual.

Referir:

  • todos os caracteres propedêuticos dos sinais e sintomas citados. (Abrir um parágrafo para cada)
  • presença ou ausência de outros sinais ou sintomas relacionados ao órgão ou aparelho comprometido.
  • repercussão sobre o estado nutricional e psicológico do paciente (alteração do peso, disposição e capacidade para o trabalho, intelectualidade, afetividade, instinto)
  • tratamentos já realizados, medicamentos utilizados, e seu resultado.
  • elementos etiológicos, epidemiológicos ou de patologia geográfica relacionados.


ISDA
(Interrogatório sobre os diferentes aparelhos):

Interrogatório sistematizado sobre todos os outros aparelhos em busca de possíveis sintomas que não foram diretamente focalizados. Relacionar sempre que possível com a doença atual. Referir todos os caracteres propedêuticos dos sinais e sintomas citados.

  1. Sintomas Gerais

Febre. Sensação de aumento de temperatura corporal acompanhado ou não de outros sintomas (cefaleia, náusea, vômito, sede, calafrios, etc.)
Astenia. Sensação de fraqueza, quase sempre acompanhada de mal-estar indefinido que só melhora com o repouso.
Adinamia. Falta de disposição.
Alteração do peso. Aumento ou diminuição. É necessário caracterizar em quanto tempo ouve a alteração e relatar o valor que alterou neste espaço de tempo.
Sudorese. Eliminação abundante de suor. Generalizada ou predominante nos pés e mãos.
Calafrios. Sensação momentânea de frio com ereção dos pelos e arrepiamento da pele. Procurar correlacionar com febre.
Prurido. Sensação desagradável que provoca o desejo de coçar. Generalizado ou localizado (olhos, narinas, vulva, ânus). Acorda o paciente à noite ou não.
Alterações do revestimento cutâneo. Áreas de anestesia, alteração da temperatura e lesões cutâneas.
Alterações do desenvolvimento físico.
Nanismo, gigantismo, acromegalia, infantilismo, puberdade precoce, puberdade atrasada.

  1. Cabeça e Pescoço

Dor. Localizar o mais corretamente possível a sensação dolorosa. A partir daí pergunta-se as outras características semiológicas da dor (–Local da dor –Tipo da dor – Intensidade –Irradiação –Duração –Como começou/Fatores desencadeantes –Fatores de melhora –Fatores de piora –O que vem junto com a dor? –Fazer a Evolução da dor).
Alteração dos cabelos e pelos. Queda e modificações dos cabelos. Investigar o tempo que vem ocorrendo e a quantidade da perda de cabelo e pelos. Notar também surgimento de pelos faciais em mulheres.
Alterações dos movimentos. Como paralisia, tiques, movimentos involuntários.
Tontura:
paciente sente a cabeça pesada, oca.

Vertigem: Sensação de estar girando em torno dos objetos (vertigem subjetiva) ou os objetos girando em torno de si (vertigem subjetiva). Neste pode ocorrer a perda do equilíbrio.

  1. Olhos

Dor ocular e cefaleia. Bem localizada pelo paciente ou de localização imprecisa.
Sensação de corpo estranho. Sensação desagradável quase sempre acompanhada de dor.
Queimação ou ardência.
Lacrimejamento. Eliminação de lagrimas independente do choro.

Sensação de olho seco. Sensação de secura como se o olho não tivesse lágrimas.
Xantopsia, iantopsia, cloropsia.
Visão amarelada, violeta e verde, respectivamente.

Diminuição ou perda da visão. Uni ou bilateral. Súbita ou gradual. Relação com a intensidade da iluminação. Visão noturna. Correção (parcial ou total) com óculos ou lentes de contato.
Diplopia. Visão dupla. Constante ou intermitente.
Fotofobia.
Sensibilidade à luz.

Nistagmo. Movimentos repetitivos rítmicos nos olhos.
Escotomas. Manchas ou pontos escuros no campo visual, descritas como manchas, moscas que voam diante dos olhos ou pontos luminosos.
Secreção. Liquido purulento que recobre a superfície externa dos olhos.
Alucinações visuais.
Sensação de luz, cores ou reprodução de objetos.

Inflamações
Exoftalmia. Olhos saltados. Típico do hipertiroidismo.
Cataratas.
Investigar a ocorrência ou a presença deste.

  1. Ouvidos

Dor.
Otorreia. Saída de líquido pelo ouvido. Investigar a cor, odor, aspecto e o volume do liquido. Acuidade auditiva. Perda parcial ou total da audição. Uni ou bilateral. Inicio súbito ou progressivo.

Zumbido. Sensação subjetiva de diversos tipos de ruídos (campainha, grilo, apito, chiado, cachoeira, bater de asas de borboleta, jato de vapor, zunido).
Vertigem.
Otorragia. Perda de sangue pelo canal auditivo. Relação com traumatismo.

  1. Nariz

Dor.
Espirros. Isolados ou em crises. Indagar em que condições ocorrem, procurar relacionar locais e substancias.
Obstrução nasal.
Uni ou bilateral. Parcial ou total. Acompanhada ou não de secreção.

Corrimento nasal. Aspecto do corrimento (aquoso, purulento, sanguinolento) e odor. Epistaxe. Hemorragia nasal.
Cacosmia. Consiste em sentir mau cheiro, sem razão para tal.
Parosmia. Alteração do olfato.
Hiposmia. Diminuição do olfato.
Anosmia.
Perda do olfato.

Aumento do Olfato. Transitório ou permanente.

  1. Cavidade Bucal e Anexos:

Alteração do apetite. Polifagia ou hiperorexia.
Sialose ou sialorreia. Excessiva produção de secreção salivar.
Halitose. Mau hálito.
Dor.
Dor de garganta. Espontânea ou provocada pela deglutição.
Disfagia.
Dificuldade de deglutir.

Odinofagia. Dor ao deglutir.
Dispneia.
Dificuldade para respirar.

Tosse. Seca ou produtiva. Investigar a quanto tempo vem ocorrendo e se caso for produtiva analisar o aspecto, volume, cor, odor e o tipo (mucoide, serosa, purulenta, mucopurulenta, sanguinolenta, muco sanguinolenta).
Sialosquiese: boca seca.
Pigarro. Ato de raspar a garganta.
Alteração da voz. Disfonia. Afonia. Voz lenta e monótona. Voz fanhosa ou anasalada (rinolalia).
Outras alterações. Como nódulos.

7.Cardiorrespiratório:

Dor torácica. Localizar o mais corretamente possível a sensação dolorosa. A partir daí pergunta-se as outras características semiológicas da dor (tipo de dor, irradiação, duração, como começou, fator de melhora, fator de piora).
Palpitações. Percepção incômoda dos batimentos cardíacos. Tipo de sensação, horário do aparecimento, modo de instalação e desaparecimento. Relação com o esforço e outros fatores desencadeantes.
Alterações da forma do tórax. Alterações localizadas e da caixa torácica como um todo.
Dispneia. Relacionar com a dor ou alterações da configuração do tórax. Relação com o esforço em decúbito. Dispneia paroxística noturna. Dispneia periódica ou de Cheyne-Stokes.
Edema. Época em que apareceu. Como evoluiu e local que predomina. Fatores de melhora e de piora.
Cianose.
Coloração azulada da pele. Época do aparecimento (desde o nascimento ou surgida tempos depois). Intensidade.

Tosse. Quanto tempo ocorre. Produtiva ou seca, caso for produtiva caracterizar tal.
Hemoptise. Eliminação de sangue pela boca, através da glote, proveniente dos brônquios ou pulmões. Obter dados para diferenciar hemoptise, epistaxes e hematêmese.
Vômica. Eliminação súbita através da glote de quantidade abundante de pus ou liquido de aspecto mucoide ou seroso.
Chieira. Ruído sibilante percebido pelo paciente durante a respiração. Relação com a dispneia. Uni ou bilateral. Horário que predomina.
Cornagem. Ruído grave provocado pela passagem do ar pelas vias respiratórias altas que estão reduzidas de calibre.
Sopro cardíaco. Pesquisar com o paciente a existência de tal.
Pressão Arterial.
Indagar quanto que geralmente é a P.A. do paciente.
Alteração do sono.
Insônia, sono inquieto, sonolência.

Lipotimia: Sensação de desmaio. É momentâneo e geralmente ocorre escurecimento da visão. Não tem perda da consciência.
Síncope: Perda da consciência. Indagar a situação que ocorreu, duração e manifestações que vieram depois da síncope.
Astenia. Sensação de fraqueza.

8.Digestório.

Apetite.
Intolerância a alimentos.
Alterações da forma e do volume. Crescimento do abdome. Hérnia. Tumorações.
Disfagia.
Dificuldade à deglutição. Disfagia alta (orofaríngea), disfagia baixa (esofagiana).
Pirose.
Sensação de queimação retro-esternal.

Náuseas.
Vômito. Relação com a ingestão de alimentos. Horário em que aparece. Características do vômito.

Dispepsia. Conjunto de sintomas constituído de desconforto epigástrico, empachamento, sensação de distensão por gazes, náuseas, intolerância a certos alimentos.
Dor abdominal. Localização, contínua ou cólica.
Distensão abdominal. Sensação de gazes no abdome.
Eructação. Eliminação de gazes pela boca. Relação com a ingestão de alimentos ou com alterações emocionais.
Flatulência. Eliminação excessiva de gazes pelo ânus.
Hematêmese. Vômito com sangue vivo. Ocorre devido a uma hemorragia digestiva alta, ulcerações ao nível de esôfago, etc. Diferenciar de epistaxe e hemoptise.
Vômito Fecaloide. Vômito com fezes presentes.Notar o odor e indagar ao paciente o gosto do vômito.
Meteorismo.
Quando ocorre muitos gazes na cavidade abdominal, mas não ocorre a eliminação destes resultando assim em distensão abdominal.

Melena. Eliminação de sangue digerido pelas fezes. Em borra de café. Causada por hemorragia digestiva alta.
Enterorragia.
Eliminação de sangue vivo pelas fezes. Esta é causada por uma hemorragia digestiva baixa.
Sangramento Anal:
Relação com a defecação.

Prurido. Intensidade e horário que predomina.
Hematoquezia. Quando pinga sangue do ânus. Geralmente ocorre devido a ulcerações a nível retal.
Tenesmo. Dor anal intensa e espasmódica com desejo imperioso de defecar.
Constipação. Prisão de ventre ou intestino preso, eliminação de fezes ressecadas ou em cíbalos.
Diarreia.
Duração, volume, consistência, aspecto e cheiro das fezes.

Disenteria. Diarreia com presença de sangue.
Caracteres das fezes. Indagar sobre a cor, consistência, odor, presença de pedaços de alimentos (citar quais), presença de gordura, sangue, muco e etc.
Hemorroidas. veias distendidas na junção do reto e do canal anal
Icterícia. Intensidade, duração e evolução. Relacionar com a cor da urina e fezes e prurido.
Hábito intestinal.
Indagar quantas vezes ao dia o paciente defeca.

Regurgitação. Volta a cavidade bucal de alimento ou de secreções contidas no esôfago ou no estômago.
Soluço.
Horários em que aparece, isolados ou em crises.

Esteatorreia. Aumento da quantidade de gordura eliminada nas fezes.

  1. Sistema Geniturinário

Dor.
Alterações miccionais. Incontinência, hesitação (demora em iniciar a micção), esforço para urinar, modificação no jato urinário (diminuição da força e do calibre) e retenção da urina.

Alterações da cor da urina. Urina turva, hematúria (sangue na urina), hemoglobinúria (hemoglobina na urina), mioglobinúria (enzimas do músculo na urina), porfirinúria (porfirina na urina).
Alterações do cheiro da urina. Mau cheiro.
Edema. Localização, intensidade, duração, fator de melhora e piora.
Febre.
Calafrios associados.

Poliúria. Aumento do volume da urina.
Oliguria.
Diminuição da produção de urina
Anúria.
Anurese, que não urina

Disúria. Dor ou desconforto ao urinar.
Nictúria.
Noctúria.
Alteração do ritmo circadiano da diurese.

Polaciúria. Micção várias vezes ao dia e a urina com pouco volume.
Incontinência.
Perda de urina involuntária.

Retenção urinária. Incapacidade da bexiga de esvaziar-se, parcial ou completamente.

Órgãos genitais masculinos:

Priapismo. Ereção persistente, dolorosa e sem desejos sexuais.
Hemospermia.
Presença de sangue no esperma.

Corrimento uretral. Aspecto da secreção.
Disfunções sexuais. Impotência sexual, ejaculação precoce, ausência da ejaculação, anorgasmia, diminuição da libido, síndromes por deficiência de hormônios testiculares (síndrome de Klinefelter, puberdade atrasada).

Órgãos genitais femininos:

Ciclo menstrual. Investigar duração dos ciclos e de quantos dias é o ciclo.
Polimenorréia
Oligomenorréia. Diminuição do fluxo menstrual
Amenorreia.
Ausência de períodos menstruais

Hipermenorreia.
Hipomenorreia
Menorragia. Excesso de fluxo de sangue na menstruação
Dismenorreia.
Transtorno da menstruação

Hemorragias. Relação com o ciclo menstrual.
Tensão pré-menstrual. Cólica e outros sintomas.
Corrimento. Quantidade, aspecto, odor e relação com as diferentes fases do ciclo menstrual. Prurido. Localizado na vulva.
Menarca. Indagar a data (idade) da primeira menstruação.
Coitarca.
Indagar a data (idade) da primeira relação sexual.

Disfunções sexuais. Dispaurenia (coito doloroso), frigidez, diminuição da libido, anorgasmia.
Menopausa.
Idade em que ocorreu a menopausa.

Metrorragia. Sangramento sem ser a menstruação.
Dispaurenia.
Coito doloroso.

  1. Sistema Linfo hematopoiético

Astenia. Instalação lenta ou progressiva.
Palidez
Hemorragias. Petéquias, equimoses (derrame sanguíneo na pele traumatizada; contusão), hematomas, gengivorragias, hematúria (sangue na urina), hemorragias digestivas.

Infecções freqüentes.
Adenomegalias. Localizada ou generalizada, presença de sinais flogísticos e fistulizações. Febre. Tipo da curva térmica.

Esplenomegalia e hepatomegalia. Época do aparecimento e evolução.
Dor. Orofaringe, tórax, abdome, articulações, ossos.
Icterícia.
Cor das fezes e urina.

Manifestações cutâneas. Petéquias (pequenas manchas avermelhado-roxas na pele), equimoses (derrame sanguíneo na pele traumatizada; contusão), palidez, prurido, eritemas (ruborização, inflamação da pele), pápulas (pequena elevação sólida e circunscrita da pele), herpes.
Sintomas osteomusculares.
Sintomas gastrointestinais.
Sintomas geniturinário.
Sintomas Neurológicos.

  1. Esqueleto, Articulações e Músculo.

Espasmos musculares. Contração involuntária.
Dor articular. Localização, quantas articulações comprometidas e fator de melhora e piora. O horário de dor maior.
Sinais flogísticos. Edema, rubor, calor e dor. Localizar a região afetada.
Atrofias musculares. Localização.
Trauma. Como ocorreu e há quanto tempo.
Perda ou diminuição da força.
Adinamia.
Claudicações. Dor no membro inferior causado por insuficiência arterial.
Deformidades
Localização e causa.

Fraturas. Indagar se ocorreu fratura, localização.

  1. Sistema neuropsíquico.

Paralisia. Perda do movimento voluntário.
Atrofia. Que não desenvolveu.
Movimentos Involuntários. Como tiques.
Convulsões. Contrações involuntárias desordenadas de músculos
Incoordenação.
Parestesia. Sensação de formigueiro, picadelas.
Paresias.
Paralisia incompleta, parcial.

Anestesia. Perda da sensibilidade. Localizada ou generalizada.
Nervosismo.
Desajustes emocionais.
Desajustes familiares.
Alucinações.
Sonilóquio.
Pesadelos.
Terror noturno.
Sonambulismo. Andar dormindo, em sonhos.

Bruxismo. Ato de ranger os dentes tanto em vigília quanto no sono.
Enurese notura.
Eliminação involuntária de urina durante o sono.

Insônia.
Sonolência.
Irritabilidade.
Distúrbios da consciência. Obnubilação. Estado de coma.

Dor de cabeça e na face. Localização e outras características semiológicas.
Tontura e vertigem. Sensação de rotação (vertigem), sensação de iminente desmaio. Sensação de desequilíbrio, Sensação desagradável na cabeça.
Convulsões. Localizadas ou generalizadas. Tônicas ou clônicas. Manifestações ocorridas antes (pródromos) e depois das convulsões. Classificar como convulsão quando o paciente relatar inconsciência, movimento tônico crônico, sialose e perda do controle esfincteriano.
Ausências. Breves períodos de perda de consciência.
Automatismo.
Execução de atos durante a perda da consciência.

Amnésia. Perda de memória. Transitória ou permanente. Relação com traumatismo craniano e com ingestão de bebidas alcoólicas.
Distúrbios Visuais. Ambliopia (enfraquecimento da visão), amaurose, hemianopsia, diplopia.
Distúrbios auditivos.
Hipoacusia, acusia, zumbidos.

Distúrbios da marcha. Disbasia.
Distúrbio esfincterianos. Bexiga neurogênica, incontinência fecal.

13.Sistema Endócrino e Metabólico.

Alteração no tamanho e crescimento. Cabeça, extremidades e mandíbula.
Modificações fisionômicas. Quanto tempo vem ocorrendo.
Polidipsia. Sede excessiva persistente; sintoma de diabetes mellitus descompensada
Poliúria. Eliminação de grandes quantidades de urina por dia
Polifagia. Aumento da fome
Glicosúria. Presença de glicose na urina.
Tremores.
Resistência ao Jejum.
Intolerância ao frio e calor.

AP (Antecedentes pessoais)

(Eventos passados que possam estabelecer a etiologia do processo mórbido atual)

ANTECEDENTES FISIOLÓGICOS

CONDIÇÕES DE NASCIMENTO, PRIMEIRA INFÂNCIA E PUBERDADE: parto, aleitamento, dentição, desenvolvimento neuro-motor: deambulação, fala, aprendizado escolar; desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, relacionamento familiar. Ambiente psicossocial nas diferentes fases.

ANTECEDENTES PATOLÓGICOS

PASSADO MÓRBIDO: Referir todas as doenças desde o nascimento até o momento atual, incluindo operações e traumatismos importantes, doenças comuns da infância, passado alérgico, doenças sexualmente transmissíveis e outras.
PROCEDÊNCIA DE REGIÕES ENDÊMICAS: (doença de Chagas, malária, esquistossomose)
CONDIÇÕES SÓCIO-ECONÔMICAS E CULTURAIS: renda mensal familiar, escolaridade.
DOENÇAS DE BASE: Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS),Diabetes Melito (DM), Dislipidemias.
HÁBITOS E VÍCIOS
: fumo, álcool, drogadição, medicamentos (tipo, quantidade e tempo de uso).

AF (Antecedentes Familiares)

Estado de saúde dos pais, irmãos, cônjuge e filhos. Causa e idade do falecimento. Presença de doenças de caráter heredofamiliar como diabete, hipertensão arterial, neoplasia e outras. Outros casos de doença semelhante à do paciente. Doenças de incidência múltipla na família.

SINAIS VITAIS

  1. Pulso
  • Ritmo (regular/irregular)
  • Frequência Cardíaca (Taquicardia/Bradicardia) VR: 60-100 bpm
  1. Pressão Arterial (Aferir em ambos membros superiores, paciente deve estar relaxado)
  1. Frequência Respiratória
  • VR: 16-20 respirações por minuto
  • Avaliar se há algum ritmo específico (Taquipneia/Bradipneia/Biot/Kussmaul/Dispineia/Ortopneia)
  1. Temperatura Corporal
  • Axilar: 35,5____37ºC

Epidemiologia

  • O que é?

   A epidemiologia é uma disciplina básica da saúde pública voltada para a compreensão do processo saúde-doença no âmbito de populações. Analisa a distribuição, a frequência e os fatores determinantes de doenças, propondo medidas de prevenção, controle ou erradicação de doenças; fornecendo indicadores que servem de suporte ao planejamento e avaliação das ações/políticas de saúde.

    Os dados coletados podem ser valores absolutos (brutos), que são aqueles obtidos em uma certa situação e local. Também podem ser valores relativos (coeficiente/índice), com o uso de frações.

    Um coeficiente/taxa é calculado através da razão entre duas frequências. Possui a capacidade de indicar risco e probabilidade.

  • Raciocínio epidemiológico

Possui como componentes a frequência, a distribuição e os determinantes. Analisa padrões do processo saúde-doença.

  • Conceitos básicos1.Dado: matéria-prima para gerar informações;
    2. Informação: gerida pela combinação e interpretação de dados;

    3. SIS (Sistema de Informação em Saúde): formulação de indicadores, coleta e processamento de dados, produção de informações;
  • O que é Vigilância Epidemiológica?

  O SUS a definiu como “um conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos”. As ações de vigilância epidemiológica passaram a ser operacionalizadas num contexto de reorganização do sistema de saúde brasileiro, caracterizada pela descentralização de responsabilidades, pela universalidade, integralidade e equidade na prestação de serviços.

   A vigilância epidemiológica tem como propósito fornecer orientação técnica para os profissionais de saúde, que têm a responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de controle de doenças e agravos, tornando disponíveis, para esse fim, informações atualizadas sobre a ocorrência dessas doenças e agravos, bem como dos fatores que a condicionam, numa área geográfica ou população definida.  (Exemplo: Mapa vivo do PSF)

  Além disso, a vigilância epidemiológica é um importante instrumento para o planejamento, a organização e efetivação dos serviços de saúde.

São funções da vigilância epidemiológica:

  1. coleta de dados;
  2. Processamento de dados coletados;
  3. Análise e interpretação dos dados processados;
  4. Recomendação das medidas de prevenção e controle apropriadas;
  5. Promoção das ações de prevenção e controle indicadas;
  6. Avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas;
  • Indicadores Epidemiológicos
  1. Conhecimentos gerais: Idade, sexo, gênero, etc.
  2. Características familiares: Estado civil, dimensão da família, morbidade familiar por causas específicas.
  3. Características étnicas: Raça, cultura, religião, etnia, etc.
  4. Nível socioeconômico: Ocupação, renda pessoal, nível de instrução, tipo e zona de residência, etc.
  5. Ocorrências durante a vida intrauterina/ao nascer: Número de fetos gestados, características do parto, hábitos maternos, etc.
  6. Características endógenas: Constituição física, estado fisiológico, tipo de comportamento, etc. 
  7. Ocorrências acidentais: Doenças sofridas, medicamentos usados, etc.
  8. Hábitos e atividades: Uso de inseticidas, uso de drogas ilícitas e lícitas, atividade física, etc.
  • Vigilância Sanitária

    Um conjunto de ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e da circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo: o controle de bens de consumo que se relacionem com a saúde e o controle da prestação de serviços que se relacionam com a saúde.

    No Brasil, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é responsável por criar normas e regulamentos e dar suporte para todas as atividades da área no País. A ANVISA também é quem executa as atividades de controle sanitário e fiscalização em portos, aeroportos e fronteiras.

  •  Notificação Compulsória

  A notificação compulsória consiste na comunicação da ocorrência de casos individuais, agregados de casos ou surtos, suspeitos ou confirmados, da lista de agravos relacionados na Portaria, que deve ser feita às autoridades sanitárias por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, visando à adoção das medidas de controle pertinentes. Além disso, alguns eventos ambientais e doenças ou morte de determinados animais também se tornaram de notificação obrigatória. É obrigatória a notificação de doenças, agravos e eventos de saúde pública.

   As doenças de notificação compulsória são aquelas cuja gravidade e capacidade de disseminação do agente causador é potencial de causar surtos e epidemias. É necessária a adoção de medidas eficazes de prevenção e controle.

O que pode ser notificado: cólera, febre amarela, influenza, poliomielite, sarampo, varíola e até casos de violência doméstica.

  • O que é Vigilância em Saúde?

  Realiza ações de monitoramento contínuo do país por meio de observação e análise permanentes da situação de saúde da população, por meio de ações destinadas a controlar determinantes, riscos e dados de saúde. Busca garantir a integralidade da atenção à saúde.

  • Prevalência

A prevalência quantifica o número de casos existentes de uma doença em uma população. O número de casos existentes de doença é igual à soma dos casos novos e dos casos antigos.

  • Incidência

Frequência com que surgem novos casos de uma doença, num intervalo de tempo.

  • O que é risco?

É a probabilidade de ocorrência de uma doença ou evento adverso à saúde.

  • O que é fator de risco?

O elemento ou característica positivamente associado ao risco de desenvolver uma doença. Como, por exemplo, idade, tabagismo, etc.

  • O que é vulnerabilidade?

Suscetibilidade de um grupo ou indivíduo a adquirir uma doença ou sofrer um agravo.

  • Prevenção

Ação antecipada baseada no conhecimento da história natural da doença. Atua prevenindo doenças por meio de vacinas, palestras e orientações.

  • Promoção da Saúde

Promove qualidade de vida, reduz vulnerabilidade e riscos à saúde. Consiste em políticas, planos e ações envolvidas em saúde.

  • Definições importantes
  1. Surto: Aumento repentino do número de casos de uma doença em uma certa região;
  2. Epidemia: Quando um surto ocorre em diversas regiões, envolvendo uma determinada doença;
  3. Pandemia: Quando uma epidemia ganha caráter global, atingindo diversos países;
  4. Endemia: Quando uma doença é relativamente constante em uma determinada região.
  5. Natimorto: extraído do corpo da mãe sem sinal de vida.
  6. Neonatal: 4 primeiras semanas de vida.
  7. Pós-neonatal: 28 dias até 1 ano de vida.
  8. Perinatal: 22 semanas de gestação até o 7º dia de vida.
  • Indicadores de Saúde
  1. Crescimento vegetativo: diferença entre óbitos e nascimentos.
  2. Crescimento demográfico: população absoluta + crescimento total
  3. Esperança de vida: número médio de anos de vida esperados para um recém-nascido em determinado espaço geográfico
  4. Fecundidade: razão entre o número de nascidos vivos numa determinada época e o número de mulheres em idade fértil (15 a 49 anos).
  5. Natalidade: frequência de nascidos vivos no total da população.
  6. Razão de Sexos: razão entre o número de homens por 100 mulheres. Se o índice resultante for menor que 100, há predominância feminina.
  7. Razão de dependência: razão entre a população economicamente dependente (menores de 15 anos e maiores de 65) e a população economicamente ativa (15 a 64 anos de idade).
  8. Mortalidade Geral: Avalia mortalidade por todas as causas. Razão do número de óbitos pela população total, x1000.
  9. Letalidade: Número de óbitos por uma doença/Número de casos da doença, x1000.
  • O que é morbidade?

Refere-se ao conjunto dos indivíduos que adquiriram doenças num dado intervalo de tempo. Denota-se morbidade ao comportamento das doenças e dos agravos à saúde em uma população exposta. 

  • Transição demográfica-epidemiológica

Altera o perfil de natalidade e mortalidade e também o perfil de doenças, visto que se espera a redução de doenças infectocontagiosas e o aumento de doenças crônicas (envelhecimento populacional).

  • Curva de Nelson de Moraes

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  A curva de Nelson Moraes é uma representação gráfica da mortalidade proporcional. O eixo x representa faixas etárias predeterminadas (menor que 1 ano; 1 a 4 anos; 5 a 19 anos; 20 a 49 anos; 50 anos ou mais) e o eixo y é a mortalidade proporcional para cada faixa etária representada no eixo x. A curva possui 4 tipos com formas características que correspondem a distintas condições de vida da população estudada: N invertido, L (ou J invertido), V (ou U) e J.

  • Forma de N: Tipo 1 – Equivale a um nível de saúde muito baixo, onde a proporção de mais de 50 anos é inferior a 50% e é alta a proporção de óbitos de menores de 1 ano e no grupo de 20 – 49 anos;
  • Forma de J invertido: Tipo 2 – Equivale a um nível de saúde baixo, onde a proporção de óbito de mais de 50 anos está abaixo de 20% e é altíssima a proporção (quase 50%) de óbitos de menores de 1 ano;
  • Forma de V: Tipo 3 – Equivale a um nível de saúde regular, onde a proporção de óbitos de menores de 1 ano é alta e a do grupo de mais de 50 anos é próxima de 50%;
  • Forma de J: Tipo 4 – Equivale a um nível de saúde elevado, onde a proporção de óbitos mostra-se mais elevada no grupo etário de mais de 50 anos (+ 70%). Essa curva é característica em países desenvolvidos.
  • Doutrinas do SUS
  1. Universalidade: Atenção à saúde para todo e qualquer cidadão.
  2. Equidade: Tratar todo cidadão entendendo suas limitações e diferenças, oferecendo-lhe um atendimento digno.
  3. Integralidade: Tratar o paciente em sua integralidade, visando sua observação na esfera biopsicossocial.
  • Diretrizes do SUS
  1. Regionalização/Hierarquização: Os serviços de saúde devem ser organizados em níveis de complexidade crescentes, dispostos em uma certa localidade e com uma população definida para ser atendida.
  2. Descentralização: Redistribuição das responsabilidades e poderes entre as esferas municipal, estadual e federal.
  3. Resolubilidade: O sistema necessita ser capaz de solucionar problemas de maneira objetiva e eficaz.
  4. Participação dos cidadãos: A população deve se mostrar ativa, próxima e informada no sistema de saúde.
  5. Complementaridade do setor privado: Caso o SUS não possua um certo serviço, o setor privado pode disponibilizá-lo, desde que obedeça aos princípios e normas do SUS.
  • Níveis de Atenção
  1. Primário: É o primeiro contato do cidadão com o sistema de saúde. Responsável pela prevenção e, também, pela promoção de saúde.
  2. Secundário: Com grau intermediário de tecnologia e capacitação. Possui diversas especialidades para atender a população.
  3. Terciário: Com grau elevado de tecnologia e capacitação. Atende casos que demandam alta assistência, encaminhamentos do nível secundário e eventos raros.
  • Níveis de Prevenção
  1. Primária: Evita ou remove exposição a um fator de risco/agente causador. Exemplo: imunização.
  2. Secundária: Detecta problemas de saúde em fase precoce.
  3. Terciária: Promove reabilitação, reintegração precoce, etc. Objetivo de reduzir custos socioeconômicos dos estados de saúde da população.
  4. Quaternária: Detecta indivíduos em risco de tratamento excessivo, protegendo-os de novas intervenções médicas inapropriadas.
  • Sistemas de Informação
  1. SIAB (Sistema de Informação da Atenção Básica): Base para as ações da Estratégia Saúde em Família. Possui dados socioeconômicos de famílias de uma certa região.
  2. SINAN (Sistema de Informação de Agravos e Notificação): Usado para armazenar notificações compulsórias.
  3. SIS-HiperDia (Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos): Possui dados epidemiológicos da população, facilitando a distribuição de remédios e o trabalho das equipes de saúde.
  4. SIM (Sistema de Informação de Mortalidade): dados sobre óbitos e suas causas.
  5. SINASC (Sistema de Informação de Nascidos Vivos)
  6. SISVAN (Sistema de Informação de Vigilância Alimentar e Nutricional)
  7. SI-API (Sistema de Avaliação de Doses Aplicadas de Vacinas)
  8. SIS EAPV (Sistema de Informação sobre Eventos Adversos Pós Vacinais) 
  • Estratégia Saúde em Família

  Objetivo de analisar, organizar e propor táticas para a melhora da situação da saúde da população. Composta por uma equipe multiprofissional com, no mínimo, um médico, um enfermeiro, um ou dois auxiliares de enfermagem e agentes comunitários de saúde. Pode possuir outras especialidades, caso seja possível.  

  Possui como princípios: prestar assistência integral e contínua, intervir sobre os fatores de risco à saúde, humanizar práticas de saúde, etc.

   A USF (Unidade de Saúde da Família) deve identificar o perfil sociodemográfico e epidemiológico das famílias no território abrangido, reconhecer os problemas e riscos de saúde e propor ações efetivas. Para isso, faz uso do SIAB. 

  • Modelos Clínicos
  1. Modelo Clínico Centrado na Pessoa

Fornece atendimento ao paciente em sua integralidade, atendendo sua esfera biopsicossocial.

  • Explorando a doença e a experiência da pessoa com a doença

Avalia a história da moléstia, realiza exames, e avalia a dimensão da doença por meio do SIFE (Sentimentos, Ideias, Funcionalidade e Expectativas)

  • Entendendo a pessoa como um todo

Observar a história pessoal do paciente, sua família, comunidade, emprego, cultura, etc.

  • Elaborando um projeto comum de manejo

Avaliar problemas, prioridades e objetivos do tratamento e como será esse processo. Estabelecer quais os papéis do paciente e do profissional.

  • Incorporando a prevenção e a promoção de saúde

Objetivo de melhorias na saúde, redução de riscos, identificação de fatores de risco, etc.

  • Fortalecendo a relação médico-pessoa

Exercer compaixão, acolhimento e empatia. Promover transferência de conhecimento por ambas as partes.

  • Sendo realista

Analisar tempo de tratamento, construir trabalho em equipe e usar os recursos disponíveis.

  1. Modelo Biomédico

  Observa o paciente como uma máquina defeituosa, não o vê como um ser integral e negligencia seu processo saúde-doença, sentimentos, sofrimento psíquico, etc. Foca na doença, na análise dos sinais e sintomas, buscando um diagnóstico objetivo e uma medicação.

  • Tipos de Estudos Epidemiológicos

    Existem duas categorias: os experimentais (ensaio clínico randomizado, ensaio de campo e ensaio comunitário), e os observacionais, que podem ser descritivos (relato de caso, série de caso) ou analíticos.

  • Estudos observacionais analíticos: são classificados como transversal, caso-controle, coorte e ecológico.
  1. 1. Transversal: aquele em que as pessoas expostas à doença e os doentes são analisados simultaneamente, em um determinado intervalo de tempo.
  • Aplicabilidade: avaliação da prevalência da doença.
  • Vantagens: facilidade e baixo custo. Gera hipóteses de associação.
  • Desvantagens: Não testa as hipóteses (uma vez que as variáveis são medidas simultaneamente).
  1. Coorte: escolha de um grupo de pessoas que compartilham uma experiência ou condição em comum (exemplo: mesma região de moradia), que será acompanhado ao longo do tempo para observar a ocorrência da doença.

  Compara-se um grupo de indivíduos expostos a um grupo de indivíduos não expostos e, em cada um, se há ou não a ocorrência da doença.

  • Aplicabilidade: avaliação da incidência de doenças.
  • Vantagens: maior precisão e há maior controle das variáveis a serem medidas.
  • Desvantagens: longa duração; necessita de amostras com números grandes.
  1. Caso-controle: fazem a análise simultânea de dois grupos: o caso (indivíduos que apresentam determinada doença) e controle (indivíduos que não apresentam a doença), identificando os níveis de exposição dos indivíduos a determinados fatores.
  • Aplicabilidade: análise de doenças raras e situações de surtos ou agravos desconhecidos.
  • Vantagens: baixo custo; facilidade em encontrar indivíduos para o estudo.
  • Desvantagens: dependem da memória do paciente; risco de tendenciosidade por parte do paciente; risco de influência do pesquisador.
  1. Ecológico: A unidade de observação é um grupo de pessoas, e não o indivíduo. Esses grupos podem ser turmas de alunos em escolas, fábricas, cidades, países etc. O princípio do estudo é o de que, nas populações onde a exposição é mais frequente, a incidência das doenças ou a mortalidade serão maiores. Incidência e mortalidade são as medidas mais usadas para quantificar a ocorrência de doenças nesse estudo. A análise de correlação mostrará a associação entre o fator de risco e a doença.

Síntese Reflexiva de Epidemiologia

   Chegar ao fim do módulo de Epidemiologia traz uma mistura de satisfação e alívio! Foi um período tranquilo, rápido e que eu gostei muito. Sempre tive prazer em discutir políticas públicas – seja lá qual for o âmbito a que se referem – e adquirir o conhecimento de como é o processo para a elaboração de uma ação pública de saúde foi incrível para mim.

   O semestre, como um todo, foi um momento de descobertas e acertos, mas também de decepções e, ao mesmo tempo, de encontros com boas pessoas. Foi um tempo de 8 ou 80, ou tudo estava ótimo ou tudo estava péssimo. O que foi ótimo para lapidar a maneira como eu lido com mudanças e para me adaptar a situações que eu não considero confortáveis. Como eu disse na reflexão anterior, nem sempre vou ter a sorte de estar ao lado das pessoas bem-intencionadas e nem nas melhores situações.

   Não sou muito boa em separar minha vida acadêmica da minha vida pessoal, não vejo como uma coisa não pode afetar a outra. Definitivamente é algo em que preciso trabalhar, já que algumas decepções e problemas me desestabilizaram emocionalmente, durante o semestre.

   Ademais, amei esse último módulo e, inclusive, muitas vezes fiquei irritada com a posição de colegas que afirmavam que era um módulo inútil. Não vejo como o conteúdo estudado pode ser inutilizável, já que são informações necessárias para o cotidiano do médico, além de que são requisitadas em futuras provas de residência.

   As sessões tutoriais foram muito boas e acredito que o grupo pôde estabelecer uma boa conexão. O tutor também se mostrou participativo na medida certa e promoveu um espaço confortável para todos se expressarem da melhor maneira. Se durante o semestre houvesse esse clima leve em todas as tutorias, tenho certeza de que seriam mais frutíferas.

   Pensando no geral, o grande problema do módulo é que ele não estabelece a prometida conexão entre as aulas. O Morfofuncional se mostrou um pouco atrapalhado, sem a menor ligação com as sessões tutoriais e, além disso, sempre existe uma concordância entre os alunos de que é necessária uma maior orientação dos professores – apesar de ser um curso PBL.

   As aulas de Habilidades de Comunicação chegaram ao fim de maneira incrível, com uma última aula que incomodou e produziu, acredito eu, mais empatia e autoconhecimento para os alunos.

   Já nas aulas de Habilidades Médicas, eu devo dizer que há algum tempo estou incomodada com a posição dos professores, que participam pouco e quando estão presentes nos consultórios são grossos e agem como se estivessem fazendo um favor. Eu adquiri uma grande antipatia pelo professor Augusto, que, muitas vezes, se aproveita das situações em que as alunas se expõem no exame físico e faz comentários característicos de assédio. Acredito que precisam ocorrer mudanças rápidas e sérias nessa parte do currículo do semestre.

  As aulas do TBL foram semelhantes ao conteúdo das sessões tutoriais, o que foi frustrante para os alunos, já que não havia muito para aprofundar. Além disso, a Reflexão do IESC também abordava o mesmo assunto, o que tornou tudo pior ainda, com professoras que estavam sempre em claro desacordo e passando uma sensação de bagunça geral para os alunos – estes passaram a não levar as aulas a sério.

  As aulas de Antropologia e Direito em Saúde possuíam um conteúdo riquíssimo, porém o professor Conrado precisa se tornar didático e claro, porque nada durante a aula era possível de se absorver. E, veja bem, são assuntos que eu adoro. O professor Walter possui uma boa didática, mas o tempo das duas aulas tornava o período cansativo e extenso em demasia. Seria uma ótima ideia reduzir as horas dessas aulas no currículo do semestre.

  O tempo que passo na UBS sempre é incrível e proveitoso, amo estar nas visitas domiciliares, visitando o asilo e aprendendo com as enfermeiras e meus preceptores. A preceptora Sônia é muito querida e presente, sempre nos ajudando a adquirir novos conhecimentos e o preceptor Dr. Marco Lobue é admirado e muito presente também.

  Esse foi um semestre difícil para mim, de diversas maneiras, mas com todo fim de um ciclo vem aprendizados e, isso, para mim, foi o mais importante.

Epidemiologia – “Medicina de verdade! ” – Síntese 4

  O indivíduo é quem avalia a transformação do normal em patológico, porque é ele quem sofre as consequências no momento em que se sente incapaz de realizar as tarefas que a nova situação lhe impõe. É a partir do julgamento individual de estar doente que cada pessoa sente a necessidade de procurar assistência:

   São os doentes que geralmente julgam – de pontos de vista muito variados – se são normais ou voltaram a sê-lo. O essencial, para ele, é sair do abismo de impotência ou de sofrimento em que quase ficou definidamente.

  É nesta perspectiva que se insere a Medicina Centrada na Pessoa, como um método clínico que propõe uma humanização das ações dos profissionais. Constitui uma proposta para uma prática que não admite a doença como foco da intervenção do profissional e traz o sujeito e suas necessidades individuais ao primeiro plano da relação terapêutica. A Medicina Centrada na Pessoa busca uma assistência contínua e compreensiva, que fortaleça uma relação simétrica entre o binômio profissional-paciente, na qual os pacientes têm um papel autônomo e protagonista em seu processo de saúde-doença.

   Uma das limitações desta proposta é que ela depende fortemente das habilidades comunicativas tanto do paciente quanto do médico. O mais significante nesta abordagem é que o ponto de partida é sempre a pessoa, e não o corpo ou a doença. Este movimento pode ser uma ponte entre o mundo médico científico e o mundo das pessoas que procuram seus cuidados.

   O “estar doente” depende da percepção do sujeito em relação à sua condição. Sendo assim, encarar este momento de sofrimento pode, finalmente, ser positivo ou se tornar uma situação com consequências negativas, dependendo da cultura do médico e da maneira de encarar a vida do paciente.

   A Medicina Centrada na Pessoa é definida como um método clínico que, por meio de uma escuta atenta e qualificada, objetiva um entendimento integral da vivência individual daquele padecimento, a fim de construir conjuntamente um plano terapêutico, estimulando a autonomia da pessoa no processo.

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 A Unidade de Saúde Familiar (USF) atua geralmente com este método. Ela consiste numa pequena unidade funcional multiprofissional (médicos, enfermeiros e administrativos), com autonomia funcional e técnica, que presta cuidados de saúde primários personalizados.

A função da USF é prestar assistência contínua à comunidade, acompanhando integralmente a saúde da criança, do adulto, da mulher, dos idosos, enfim, de todas as pessoas que vivem no território sob sua responsabilidade.

  As unidades USF contam com Equipes de Saúde da Família (ESF) e também obedecem ao preceito da delimitação de área de abrangência com adscrição de clientela. As USF trabalham na lógica do vínculo de clientela, da responsabilização e, também, do acolhimento.

As atribuições básicas de uma ESF são:

  • Conhecer a realidade das famílias pelas quais são responsáveis, com ênfase nas suas características socioeconômicas, psicoculturais, demográficas e epidemiológicas;
  • Identificar os problemas de saúde mais comuns e situações de risco aos quais a população está exposta;
  • Elaborar, com a participação da comunidade, um plano local para o enfrentamento dos fatores que colocam em risco a saúde;
  • Programar a atividade e reestruturar o processo de trabalho;
  • Executar, de acordo com a qualificação de cada profissional, os procedimentos de vigilância à saúde e de vigilância epidemiológica, nos diversos ciclos da vida. Atuar no controle de doenças transmissíveis como a tuberculose, a hanseníase, as DSTs, AIDS, de doenças infectocontagiosas em geral, das doenças crônico-degenerativas e de doenças relacionadas ao trabalho e ao meio ambiente;
  • Valorizar a relação com o usuário e com a família para a criação de vínculo de confiança, que é fundamental no processo de cuidar;
  • Resolver a maior parte dos problemas de saúde detectados e, quando isso não for possível, garantir a continuidade do tratamento, através da adequada referência do caso;
  • Prestar a assistência integral, respondendo de forma contínua e racionalizada à demanda, buscando contato com o indivíduo sadio ou doente, visando promover a saúde através da educação sanitária;
  • Desenvolver processos educativos através de grupos voltado à recuperação da autoestima, troca de experiências, apoio mútuo e melhoria do autocuidado;

Epidemiologia – Síntese 3

  • Epidemiologia do HIV no Brasil

  No Brasil, desde 2000 até junho de 2015, foram notificadas 92.210 gestantes infectadas com o HIV, a maioria destas residentes na região Sudeste (40,5%).

 Desde o início da epidemia de aids no Brasil, até junho de 2015, foram registrados no país 798.366 casos de aids. Foram registrados no Brasil, desde 1980 até junho de 2015, 519.183 (65,0%) casos de aids em homens e 278.960 (35,0%) em mulheres. A maior concentração dos casos de aids no Brasil está nos indivíduos com idade entre 25 e 39 anos para ambos os sexos.

  Entre os homens, observa-se um aumento da taxa de detecção principalmente entre aqueles com 15 a 19 anos, 20 a 24 anos e 60 anos ou mais nos últimos dez anos.  

   Destaca-se o aumento em jovens de 15 a 24 anos, sendo que de 2005 para 2014 a taxa entre aqueles com 15 a 19 anos mais que triplicou (de 2,1 para 6,7 casos por 100 mil habitantes) e entre os de 20 a 24, quase dobrou (de 16,0 para 30,3 casos por 100 mil habitantes).

  Entre aqueles com 35 a 39 anos e 40 a 44 anos, observa-se uma tendência de queda, representando 10,2% e 24,3% de queda de 2005 para 2014, respectivamente.

  Desde o início da epidemia de aids (1980) até dezembro de 2014 foram identificados 290.929 óbitos tendo como causa básica aids (CID10: B20 a B24), sendo a maioria na região Sudeste (61,0%).

  Do total de óbitos por aids registrados no Brasil, 206.991 (71,2%) ocorreram entre homens e 83.820 (28,8%) entre mulheres. A razão de sexos se manteve em 20 óbitos entre homens para cada 10 óbitos entre mulheres em 2005 e em 2014.

  Os centros de testagem e aconselhamento (CTA) são serviços de saúde que realizam ações de diagnóstico e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. Nesses serviços, é possível realizar testes para HIV, sífilis e hepatite B e C gratuitamente. Todos os testes são realizados de acordo com a norma definida pelo Ministério da Saúde e com produtos registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e por ela controlados. O atendimento nesses centros é inteiramente sigiloso e oferece a quem realiza o teste a possibilidade de ser acompanhado por uma equipe de profissionais de saúde que a orientará sobre resultado final do exame, independente dele ser positivo ou negativo. Quando os resultados são positivos, os CTA são responsáveis por encaminhar as pessoas para o tratamento nos serviços de referência. Ao procurar um CTA, o usuário desse serviço tem direito a passar uma sessão de aconselhamento, que pode ser individual ou coletivo, a depender do serviço. O aconselhamento é uma ação de prevenção que tem como objetivo oferecer apoio emocional ao usuário, esclarecer suas informações e dúvidas sobre DST e HIV/aids e, principalmente, ajudá-lo a avaliar os riscos que corre e as melhores maneiras que dispõe para prevenir-se. Além do aconselhamento, outras ações de prevenção são realizadas pelo CTA, dentro da unidade de saúde e fora dela. Também disponibilizam insumos de prevenção, como camisinhas masculinas e femininas para a população geral, gel lubrificante para profissionais do sexo e homens que fazem sexo com homens e kits de redução de danos para pessoas que fazem uso de drogas.

  • Sistemas de Informação em Saúde de Base Nacional

  Atualmente se dispõe de um conjunto de sistemas nacionais de informação de interesse para a saúde, gerenciado por órgãos do Governo Federal.  A operacionalização destes sistemas (coleta de dados, alimentação dos sistemas) acontece nos municípios, que devem transferir os dados consolidados, numa periodicidade preestabelecida para cada sistema e pactuada nos instrumentos de gestão, ao nível de governo estadual, que por sua vez, da mesma maneira, transmite ao Governo Federal.

Principais Sistemas de Informação em Saúde de Base Nacional –Atenção Básica:

  1. SIM –Sistema de Informação sobre Mortalidade.
    2. SINASC–Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos.
    3. SINAN –Sistema de Informação de Agravos de Notificação.
    4. SISVAN –Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional.
    5. SIS API –Sistema de Avaliação de Doses Aplicadas de Vacinas.
    6. SIS AIU –Sistema de Apuração de Imunobiológicos utilizados.
    7. SIS EAPV –Sistema de Informação sobre Eventos Adversos Pós Vacinais.
    8. SIAB –Sistema de Informação da Atenção Básica.
    9. SisHiperDia–Sistema de Informação do Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus.
    10. SISPRENATAL –Sistema de Informação do Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN).
    11. SIASUS –Sistema de Informação Ambulatorial do SUS.
    12. SCNES/FCES –Sistema de Informação do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde.

Sistema de informação sobre mortalidade: Os relatórios que o Sistema SIM permite acessar são de fundamental importância, para o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, porque contém informações sobre as características de pessoa, tempo e lugar, condições de óbito, assistência prestada ao paciente, causas básica e associada.

Sistema de informação de agravos e notificação:   O Sistema de Informação de Agravos e Notificação tem como finalidade a Vigilância Epidemiológica de determinados agravos. O objetivo maior deste Sistema de Informações é o registro e o processamento dos dados sobre agravos de notificação em todo o território nacional, fornecendo informações para a análise do perfil de morbidade e contribuindo dessa forma, para a tomada de decisões em níveis municipal, estadual e federal.

Sistema de vigilância alimentar e nutricional: Por definição, o SISVAN é um sistema que visa o acompanhamento do estado nutricional de um certo grupo populacional, interferindo sempre que necessário, para evitar os agravos nutricionais. Os grupos populacionais prioritários para o acompanhamento, atualmente, são todas as crianças com idade entre 0 a 5 anos que frequentam a rede municipal de saúde e todas as gestantes que fazem o pré-natal na rede municipal de saúde.

Sistema de avaliação de doses aplicadas de vacinas: Este Sistema permite realizar o acompanhamento e a avaliação da cobertura vacinal, tanto do município, como no Estado e no País.

Sistema de Informação do Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus: Foi criado pelo DATASUS, em 2002, para cadastrar as pessoas usuárias do SUS que têm hipertensão, diabetes, ou hipertensão e diabetes, afim de garantir a disponibilização dos medicamentos, fornecidos pelo Ministério da Saúde, para o tratamento dessas doenças.

Endoparasitas

Platelmintos (vermes achatados)

Taenias

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  1. Taenia solium

   O ciclo começa quando o porco ingere os ovos da tênia. Da boca, esses ovos vão para o estômago onde se tornam larvas oncosféricas e então migram para o intestino delgado e para a musculatura em forma de cisticercos. Comendo a carne contaminada, o indivíduo ingere o cisticerco com o embrião hexacanto, assim ocorre a liberação do helminto, que vai para o intestino delgado do homem, onde se torna adulto. Por autofecundação ou por fecundação cruzada entre as proglotes, torna-se grávida. Estima-se que uma proglote grávida pode conter em torno de 60 mil ovos, que são eliminados diariamente.

  A cisticercose caracteriza-se quando o homem faz o papel de hospedeiro intermediário (do porco), devido a ingestão de alimentos contaminados por ovos de Taenia solium. Os cisticercos têm tropismo por SNC, musculatura e olhos.

 As tênias são hermafroditas, uma vez que cada proglótide possui sistema reprodutor masculino e feminino. No ciclo da teníase, o animal humano é o hospedeiro definitivo; suínos e bovinos são considerados hospedeiros intermediários. No hospedeiro definitivo, o animal adulto fica fixado às paredes intestinais e se autofecunda. Cada proglótide fecundada, sendo eliminada pelas fezes, elimina ovos no ambiente. Esses podem contaminar a água e alimentos, gerando grande possibilidade de serem ingeridos por um dos hospedeiros.

   Ocorrendo a ingestão pelos hospedeiros intermediários, estes têm a parede do intestino perfurada pelo embrião contido no ovo, que se aloja no tecido muscular. Este, alojado, confere à região um aspecto parecido com canjica – e é por esse motivo que algumas pessoas chamam esta doença pelo nome de “canjiquinha”.

   Ao se alimentar da carne crua ou malpassada do animal contaminado, o homem completa o ciclo da doença. O animal se desenvolve até o estágio adulto no intestino humano e pode conferir ao portador dores de cabeça e abdominais, perda de peso, alterações do apetite, enjoos, perturbações nervosas, irritação, fadiga e insônia. O hospedeiro definitivo tem potencial de continuar o ciclo da doença, caso suas fezes contaminem a água e alimentos dos hospedeiros intermediários ou de outras pessoas.

   As medidas de prevenção incluem o saneamento básico (tratamento de água e esgoto), fiscalização das carnes de porco e boi; cozimento prolongado da carne com cisticerco antes da ingestão; tratamento de doentes e bons programas de educação e sensibilização, incentivando bons hábitos de higiene no dia a dia.

2.Taenia saginata

Ciclo de Vida

Os humanos são os únicos hospedeiros definitivos de Taenia saginata. O verme adulto reside no intestino delgado onde se fixa por uma estrutura chamada escó Produzem proglotes que se engravidam, destacam-se do verme e migram para o ânus ou saem com as fezes. Cada proglote grávida contém de 80.000 a 100.000 ovos que são liberados depois que esta estrutura se destaca do corpo do verme e saem com as fezes. Os ovos podem sobreviver por meses até anos no ambiente.

  •  A ingestão de vegetação contaminada pelos ovos (ou proglotes) infesta o hospedeiro intermediário (bovinos e outros herbívoros). No intestino do animal, os ovos liberam a oncosfera, que evagina, invade a parede intestinal e migra para os músculos estriados, onde se desenvolve no cisticerco. O cisticerco pode sobreviver por muitos anos no animal. A ingestão de carne crua ou mal passada com cisticerco infesta os humanos. No intestino humano, o cisticerco se desenvolve 2 meses depois no verme adulto, que pode sobreviver por mais de 30 anos.
  • Modo de transmissão – carne bovina crua ou mal cozida contaminada por
  • Período de incubação – sintomas de cisticercose podem aparecer de dias a mais de 10 dias depois da infecção. Ovos aparecem nas fezes 10 a 14 dias na saginata.
  • Conduta médica e diagnóstico: o tratamento é realizado com niclosamida ou praziquantel. É importante destacar que os ovos das tênias dos suínos e dos bovinos são, microscopicamente, impossíveis de se diferenciar.
  • Medidas preventivas: a ocorrência da cisticercose suína e/ou bovina, é um forte indicador das más condições sanitárias. Com base nos conhecimentos atuais, a erradicação das tênias, T. solium e T. saginata, é perfeitamente possível pelas seguintes razões: os ciclos de vida necessitam do homem como hospedeiro definitivo; a única fonte de infecção para os hospedeiros intermediários, pode ser controlada; não existe nenhum reservatório selvagem significativo; e, existem drogas seguras e eficazes para combater a teníase. Para o controle destes parasitas e da cisticercose, os métodos devem ser baseados em:
  • Informar pessoas para evitar a contaminação fecal do solo, da água e dos alimentos destinados ao consumo humano e animal; não utilizar águas servidas para a irrigação das pastagens; e, cozer totalmente as carnes de suínos e bovinos;
  • Congelar a carne suína e bovina a temperatura abaixo de – 5ºC, por no mínimo 4 dias.

    Schistosoma mansoni

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  • Modo de infecção: A infecção ocorre quando a pele entra em contato com a água doce contaminada com o parasita do tipoSchistosoma. As crianças são as mais atingidas por este parasita, pois elas são mais vulneráveis por brincarem em locais úmidos sem saber que lá podem estar estes parasitas à espera de um hospedeiro. Já os adultos comumente se protegem com o uso de botas de borracha.
  • Sintomas: Os sintomas mais comuns da esquistossomose são: diarreia, febres, cólicas, dores de cabeça, náuseas, tonturas, sonolência, emagrecimento, endurecimento e o aumento de volume do fígado e hemorragias que causam vômitos e fezes escurecidos. Ao surgir estes sintomas, o indivíduo precisa procurar imediatamente um atendimento médico para que todos os procedimentos necessários sejam tomados. Assim como em qualquer outro problema de saúde, a automedicação não deve ser adotada pelo doente.
  • Profilaxia: O combate a esta doença passa necessariamente por medidas de saneamento básico. Águas e sistemas de esgoto devem ter sempre as águas tratadas. Os caramujos, hospedeiros intermediários do parasita, devem ser eliminados. Ao entrar em águas paradas ou sujas, deve haver uma proteção nos pés com botas de borracha.
  1. Nematelmintos (vermes cilíndricos)

  • Ascaridíase (lombriga)

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  É uma verminose causada por um parasita chamado Ascaris lumbricoides. É a verminose intestinal humana mais disseminada no mundo. A contaminação acontece ocorre quando há ingestão dos ovos infectados do parasita, que podem ser encontrados no solo, água ou alimentos contaminados por fezes humanas. O único reservatório é o homem. Se os ovos encontram um meio favorável, podem contaminar durante vários anos.

  • Ciclo da Doença

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   Os ovos eliminados nas fezes contêm embriões de Ascaris em seu interior. Após alguns dias em um ambiente propício, ainda dentro do ovo, o embrião transforma-se em larva, que, após passar por 2 mudas, torna-se apta a infectar quem a ingerir. Portanto, o ovo do áscaris só é capaz de infectar o ser humano se contiver larvas maduras em seu interior, chamadas larvas L3, processo que leva de 2 a 4 semanas para ocorrer. Se as larvas dentro do ovo ainda estiverem em fase L1 ou L2, o verme não é capaz de sobreviver no trato digestivo, sendo improvável a contaminação de quem o ingeriu.
    Os ovos infectantes ingeridos liberam as larvas L3 no duodeno, primeira parte do intestino delgado. Após tornarem-se livres, as larvas L3 atravessam a parede do intestino delgado e alcançam a corrente sanguínea, onde, dentro de 4 a 5 dias, migrarão para fígado, coração e, finalmente, pulmões.
   Nos pulmões, as larvas L3 sofrem mais 2 mudas ao longo de 10 dias e transformam-se em larvas L5. Após estarem maduras, as larvas migram para o sistema respiratório, até próximo à cavidade oral, podendo ser expelidas pela boca através da tosse ou deglutidas, voltando para o sistema digestivo. Novamente no intestino delgado, a larva torna-se um verme adulto.vcxvxcvx
   Um verme adulto costuma viver de 1 a 2 anos dentro do trato gastrointestinal. Os Ascaris adultos não se multiplicam dentro dos intestinos. Os ovos das fêmeas precisam ser eliminados no ambiente para desenvolverem larvas viáveis. Por isso, o número de vermes em uma pessoa só aumenta se ela ingerir novos ovos ao longo da sua vida. Caso não haja nova contaminação, após 2 anos, todos os vermes morrem e o paciente deixa de estar contaminado.

  • Profilaxia

  A higiene pessoal e o saneamento básico são importantes fatores de prevenção a infecção por este parasita. Medidas de higiene durante o preparo de alimentos, principalmente com relação às verduras, também são medidas indispensáveis.

  • Sintomas

 Outros sintomas são: dor abdominal, flatulência, cólica, diarreia, náuseas, vômito e presença de vermes nas fezes. Algumas reações como alergias, pneumonia e choque anafilático podem ocorrer, embora sejam mais raras. Nas crianças, grandes infestações podem causar oclusão intestinal, o que pode, inclusive, levar à morte.

  • Tratamento da ascaridíase

É feito através de medicação. No entanto, a medicação deve ser acompanhada de cuidados de higiene pessoal (lavar as mãos, por exemplo), medidas de higiene em relação aos alimentos (lavar as frutas e verduras em água corrente) e a água (ferver, caso a água não seja tratada), e saneamento básico.

Trichuris trichiura

Esse verme do filo nematoides causa a doença Tricuríase ou Tricuriose.

  • Modo de infecção

   O ciclo de vida desse verme é fecal-oral. Com isso, a contaminação do indivíduo se dá através da ingestão dos ovos do parasita contidos em alimentos, água ou solo, esses ovos chegam no intestino e eclodem liberando as larvas que dão origem ao verme.

Os ovos evacuados pelo indivíduo nas fezes, precisam encontrar um lugar propicio para amadurecerem e após cerca de 2 ou 3 semanas, passam a conter o embrião capaz de contaminar alguém (antes disso, o ovo ingerido dificilmente infecta alguém, pois não possui um embrião amadurecido).

  • Sintomas

  A maioria das pessoas infectadas por Trichuris trichiura não apresentam sintomas, somente aqueles que possuem os intestinos infestados com centenas de parasitos os desenvolvem. Nesses casos, os sintomas mais comuns são diarreia crônica, que pode ou não vir acompanhada de muco ou sangue misturado as fezes, distensão abdominal, enjoos, perda de peso, flatulência e anemia.

  • Tratamento

  O tratamento pode ser feito com o uso de remédios como o mebendazol ou albendazol, podendo ser prolongado, caso a infecção seja maciça. Após três ou quatro semanas, o médico deve solicitar um novo exame e observar se existe a presença de ovos nas fezes, caso isso ocorra, é necessário repetir o tratamento.

  • Profilaxia

            Por se tratar de uma parasitose que contém um ciclo fecal-oral, ela é muito comum em locais que possuem um saneamento básico precário como é o caso da maioria dos países subdesenvolvidos. Para o total amadurecimento dos ovos, também é necessário um local com o clima úmido e quente, já que os ovos não se adaptam bem a locais áridos ou muito frios.

            Para evitar a infestação também é necessário melhorar a educação sanitária, o tratamento da água, tratamento dos infectados.

Enterobius vermiculares/Oxyurus vermiculares

  • Transmissão

  1. Autoinfecção: a presença dos ovos provoca intensa coceira anal. Se o paciente coçar a região do ânus, ele pode contaminar suas mãos e unhas com os ovos do verme. Se a mão contaminada for levada à boca em algum momento, o paciente volta a se contaminar. Os ovos ingeridos eclodem no intestino delgado, dando origem a uma nova geração de Enterobius vermicularis.
  2. Retroinfecção: após 3 semanas, os ovos implantados na região perianal eclodem e dão origem a novos vermes. Estes vermes podem entrar pelo ânus e seguir em direção ao ceco, onde irão se acasalar novamente.
  3. Heteroinfecção: a transmissão do oxiúros para outras pessoas pode ocorrer através de mãos contaminadas com ovos. O paciente coça o ânus, contamina suas mãos e pode transmitir os ovos ao preparar alimentos, manipular objetos ou cumprimentar outros indivíduos. Pessoas que moram no mesmo ambiente de pacientes contaminados são as que têm mais riscos de serem contaminadas. Toalhas e roupas de cama estão frequentemente infectados com ovos deEnterobius vermicularis, o que facilita o contágio dos cônjuges.
  • Sintomas

  Diarreias contendo muco, cólicas abdominais, náuseas, vômitos, prurido anal intenso (sintoma mais marcantes) inflamação da região anal. 

  É uma parasitose cujo principal sintoma é a uma coceira anal, geralmente intensa e com predomínio noturno, o que costuma atrapalhar o sono dos indivíduos acometidos.

  • Ciclo

   Enterobius vermicularis é um verme que vive no intestino dos humanos, mais especificamente na região do ceco (início do intestino grosso) e do apêndice. Após o acasalamento, o macho morre e é eliminado pelas fezes. As fêmeas grávidas permanecem no ceco e, à noite, se movem através do intestino em direção ao ânus, local onde costumam implantar seus ovos. Cada fêmea pode colocar até 10.000 ovos. Após a deposição dos ovos, a fêmea tenta retornar para dentro do ânus, algumas conseguem, outras não, sendo eliminadas nas fezes.

  • Profilaxia

    A roupa de dormir e de cama usada pelo hospedeiro não deve ser “sacudida” pela manhã e sem enrolada e lavada em agua fervente, diariamente – tratamento de todas as pessoas parasitadas da família ou três vezes, com intervalo de 20 dias, até que nenhuma pessoa se apresente parasitada – corte de unhas, aplicação de pomada mercurial na região perianal ao deitar-se banho de chuveiro ao levantar-se e limpeza doméstica com aspirador de pós, são medidas complementares de utilidade.

Ancilostomídeos

  • Descrição:

As principais espécies parasitárias que provocam ancilostomose humana são: Ancylostoma duodenale, Necator americanus e Ancylostoma ceylanicum, sendo o último mais prevalente em canídeos e felídeos.  Todavia pode ocorrer, acidentalmente, em humanos, uma infecção causada por Ancylostoma caninum ou por Ancylostoma braziliense e, desta forma, há a possibilidade do desenvolvimento de uma síndrome denominada larva migrans. Apesar de possuir extensa distribuição geográfica, as espécies de Ancylostomidae possuem predominância em regiões de climas distintos. Enquanto o A. duodenale se encontra em maior proporção em áreas temperadas, o Necator americanus tem maior incidência em regiões tropicais. Já o parasitismo por parte do A. ceylanicum gera controvérsias, pois vários casos de parasitoses que poderiam ser decorrentes de infecções causadas por helmintos dessa espécie foram registrados como sendo por A. braziliense.

  • Características:

Ovo: Tem aspecto arredondado ou elipsoides, com dimensões de 60 m x 40 m para A. duodenale e 70 m x 40 m para o N. americanus. Entre a casca e a massa germinativa existe um halo cristalino, característica que é comum a ambas as espécies.

Larva filarióide: Apresenta cauda afilada, diferentemente da cauda talhada própria da espécie Strongyloides stercoralis. Sua bainha é constituída por uma dupla cutícula (interna e externa). Podem apresentar um ou dois pares de fixação.

  • Modo de contágio:

A transmissão da doença pode ser passiva (alimentos contaminados) ou ativa (contato com solos contaminados).

  • Ciclo de vida:

Posteriormente à cópula, a fêmea realiza a postura dos ovos no intestino delgado do hospedeiro, os quais são eliminados pelas fezes. Ao encontrar condições ideais de desenvolvimento (oxigenação satisfatória e umidade e temperatura elevadas) ocorre a embrionia e formação da larva rabditoide L1 (realiza movimentos serpentiformes e se nutre de matéria orgânica e microrganismos), culminando, por fim, em sua eclosão do ovo (ocorre em 12 a 24 horas). Agora no ambiente, uma vez atendidos os requisitos citados, L1 perde sua cutícula e transforma-se L2 (também rabditóide, de movimentos e alimentação iguais aos da larva L1), a qual produz uma nova bainha (a transformação acontece de três a quatro dias). Logo em seguida L2 cria uma cutícula interna a qual é coberta pela antiga (agora externa), convertendo-se em L3 filarióide (depois de cinco dias), sua forma infectante. Em razão do bloqueio da cápsula bucal determinado pela cutícula externa, a larva de terceiro estádio (L3) não se alimenta. A infecção no homem será sempre através de L3, tendo duas vias: uma ativa e outra passiva. Ativa: Através de estímulos físico-químicos, a larva filarióide é estimulada e começam o processo de penetração, auxiliadas por enzimas proteolíticas e por seus movimentos serpentiformes, de contração e extensão, passando ativamente pela pele, mucosas ou conjuntiva. A penetração ocorre num período de 30 minutos e, durante o processo, L3 perde a cutícula externa. Passada a pele, as larvas ganham a circulação sanguínea (ou a linfática), chegando ao coração e, em seguida, aos pulmões. Caem na luz dos alvéolos e, com a ajuda de seus movimentos serpentiformes, dos cílios e secreções pulmonares, ascendem à árvore brônquica, atravessam a traqueia e a laringe, até chegarem à faringe e serem engolidas, atingindo, por fim, o intestino delgado. Ao longo do trajeto desenvolvido pelo pulmão, L3 perde sua cutícula e produz uma nova, passando a L4, esta, por sua vez, ao chegar no intestino fixa sua cápsula bucal na mucosa duodenal e realiza a hematofagia, oito dias após a penetração (esse estádio larval apresenta a cápsula bucal desobliterada). Quinze dias após a infecção, L4 se transforma em L5 que, após trinta dias da infecção, se convertem na forma adulta do verme. O período de pré-patência é de 35 a 60 dias para A. duodenale, 42 a 60 dias para N. americanus e entre 21 a 35 dias para A. ceylanicum.

  • Sintomas

   No local por onde a larva penetrou no organismo é gerada uma reação inflamatória de feia aparência. Com o passar do tempo é comum haver quadros de tosse e até mesmo de pneumonia, devido ao fato de as larvas estarem passando pelos alvéolos pulmonares, brônquios e outras regiões do sistema respiratório. Ao chegarem ao sistema digestivo começam os sintomas característicos da região. Os dentes cortantes dos nematelmintos perfuram a parede do intestino provocando dores intensas, cólicas, hemorragias e náuseas. Caso não se busque logo por auxílio médico, os parasitas podem sugar tanto sangue a ponto de levar a pessoa a desenvolver uma grave anemia.  Outras consequências graves quando não se recebe o devido tratamento são caquexia, transtornos de crescimento e amenorreia, por exemplo. Mulheres grávidas podem ter partos com feto morto. Portanto, diante de quaisquer sinais procure imediatamente por auxílio médico. 

  • Profilaxia

  Como forma de prevenção para as ancilostomoses, poderíamos citar as seguintes medidas: construção de instalações sanitárias adequadas, utilização de calçados, educação sanitária, suplementação de proteínas e ferro nas dietas e tratamento dos infectados.

 

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