Ressuscitação cardiopulmonar para leigos
A sequência recomendada para um único socorrista foi confirmada: o único socorrista deve iniciar as compressões torácicas antes de aplicar as ventilações de resgate (C-A-B em vez de A-B-C), para reduzir o tempo até a primeira compressão. O único socorrista deve iniciar a RCP com 30 compressões torácicas seguidas por duas respirações.
Programas comunitários de DEAs para socorristas leigos
Recomenda-se implantar os programas de APD para pacientes com PCREH em locais públicos onde haja uma probabilidade relativamente alta de PCR presenciada (por exemplo, aeroportos, cassinos, instalações esportivas).
Há evidências claras e consistentes de uma maior sobrevivência à PCR quando a pessoa presente no local realiza a RCP e rapidamente usa um DEA. Assim, o acesso imediato a um desfibrilador é um componente fundamental do sistema de atendimento. A implantação de um programa de APD envolve quatro componentes essenciais:
(1) uma resposta prática e planejada, que, preferencialmente, inclua a identificação dos
locais e bairros onde haja alto risco de PCR, a disponibilização e informação da localização dos DEAs para as pessoas presentes no local, e, normalmente, supervisão por um profissional de saúde;
(2) treinamento dos possíveis socorristas em RCP e na utilização do DEA;
(3) contato integrado com o serviço médico de emergência local;
(4) um programa de melhoria contínua da qualidade.
Identificação de gasping pelo atendente/operador
As vítimas de PCR podem apresentar atividade semelhante a convulsão ou gasping, o que pode confundir os possíveis socorristas. Os atendentes devem ser treinados especificamente para identificar essas apresentações de PCR e possibilitar o reconhecimento e a aplicação imediatos da RCP orientada por eles. Para ajudar as pessoas presentes no local a reconhecer a PCR, os atendentes devem perguntar sobre a ausência de resposta da vítima e a qualidade da respiração (normal ou anormal). Se a vítima não responder e não respirar, ou apresentar respiração anormal, o socorrista e o atendente devem presumir que a vítima esteja sofrendo uma PCR.
Ênfase nas compressões torácicas
Socorristas leigos sem treinamento devem fornecer RCP somente com as mãos, com ou sem orientação de um atendente, para adultos vítimas de PCR. O socorrista deve continuar a RCP somente com compressão até a chegada de um DEA ou de socorristas com treinamento adicional. Todos os socorristas leigos devem, no mínimo, aplicar compressões torácicas em vítimas de PCR. Além disso, se o socorrista leigo treinado puder realizar ventilações de resgate, as compressões e as ventilações devem ser aplicadas na proporção de 30 compressões para cada 2 ventilações. O socorrista deve continuar a RCP até a chegada e a preparação de um DEA para uso, ou até que os pro ssionais do SME assumam o cuidado da vítima ou que a vítima comece a se mover.
A RCP somente com compressão é mais fácil de ser executada por um socorrista não treinado e pode ser prontamente orientada por telefone pelos atendentes. Além disso, a probabilidade de sobrevivência às PCRs de etiologia cardíaca em adultos é semelhante para a RCP somente com compressão e a RCP com compressões e ventilação de resgate, quando aplicada antes da chegada do SME. No entanto, para o socorrista leigo treinado e capaz, a recomendação continua sendo a de aplicar compressões e ventilações.
Frequência das compressões torácicas
Em vítimas adultas de PCR, o correto é que os socorristas apliquem compressões torácicas a uma frequência de 100 a 120/min.
O número de compressões torácicas aplicadas por minuto durante a RCP é um fator determinante importante do retorno da circulação espontânea (RCE) e da sobrevivência com boa função neurológica. O número real de compressões torácicas aplicadas por minuto é determinado pela frequência das compressões torácicas e o número e a duração das interrupções nas compressões (para, por exemplo, abrir a via aérea, administração de ventilação de resgate, permitir análise DEA). Na maioria dos estudos, a aplicação de mais compressões está associada a maiores taxas de sobrevivência, ao passo que a aplicação de menos compressões está associada a uma menor sobrevivência. A aplicação de compressões torácicas adequadas exige ênfase não somente na frequência adequada de compressões, mas também em minimizar interrupções a este componente crítico da RCP. Uma frequência de compressão inadequada ou interrupções frequentes (ou ambas) reduzirão o número total de compressões aplicadas por minuto.
Uma novidade na Atualização das Diretrizes de 2015 são os limites superiores recomendados para a frequência das compressões e a de profundidade das compressões, com base em dados preliminares que sugerem que o excesso na frequência e na profundidade das compressões afetar negativamente os desfechos. A adição de um limite superior para a frequência das compressões se baseia na análise de um grande estudo de registro que associa taxas de compressão extremamente altas (superiores a 140/ min) à profundidade de compressão incorreta. O Quadro 1 usa a analogia de uma viagem de automóvel para explicar o efeito da frequência das compressões e das interrupções no número total de compressões aplicadas durante a ressuscitação.
Profundidade das compressões torácicas
Durante a RCP manual, os socorristas devem aplicar compressões torácicas até uma profundidade de, pelo menos, 2 polegadas (5 cm) para um adulto médio, evitando excesso na profundidade das compressões torácicas (superiores a 2,4 polegadas (6 cm)).
As compressões geram fluxo sanguíneo, principalmente, por aumentar a pressão intratorácica e comprimir diretamente o coração, o que, por sua vez, gera um fluxo sanguíneo crítico e fornece oxigênio para o coração e o cérebro. Muitas vezes, os socorristas não comprimem o tórax com profundidade suficiente, apesar da recomendação de “comprimir com força”. Embora se recomende uma profundidade de compressão de pelo menos 2 polegadas (5 cm), a Atualização das Diretrizes de 2015 inclui novas evidências sobre o potencial de um limite máximo para a profundidade das compressões (superior a 2,4 polegadas (6 cm)), além do qual podem ocorrer complicações.
Pode ser difícil julgar a profundidade de compressão sem o uso de dispositivos de feedback. A identificação dos limites superiores da profundidade de compressão também pode ser um desafio. É importante que os socorristas saibam que a recomendação sobre o limite superior da profundidade de compressão se baseia em um único estudo muito pequeno que demonstrou uma associação entre a profundidade de compressão excessiva e lesões não potencialmente fatais. Grande parte do monitoramento feito por dispositivos de feedback para RCP sugere que as compressões são frequentemente mais superficiais do que profundas.
RCP para profissionais da saúde
Reconhecimento imediato e acionamento do serviço médico de emergência
Os profissionais de saúde devem pedir ajuda nas proximidades ao encontrarem uma vítima que não responde, mas seria bastante prático o profissional de saúde continuar a avaliar a respiração e o pulso simultaneamente antes de acionar totalmente o serviço médico de emergência (ou telefonar para pedir
apoio).
A intenção das alterações feitas nas recomendações é minimizar atrasos e incentivar a rapidez e a e ciência na avaliação e na resposta simultâneas, em vez de uma abordagem lenta, metódica, passo a passo.
Ênfase nas compressões torácicas
É sensato que os pro ssionais de saúde apliquem compressões torácicas e ventilação em todos os pacientes adultos com PCR, seja por uma causa cardíaca ou não cardíaca. Além disso, os profissionais de saúde podem adaptar a sequência de ações de resgate à causa mais provável da PCR.
A RCP somente com compressão é recomendada para socorristas não treinados, pois é relativamente fácil para os atendentes orientá-los com instruções por telefone. Espera-se que os profissionais de saúde sejam treinados em RCP e possam executar compressões e ventilações com e ciência. No entanto, a prioridade do profissional, sobretudo se atuando sozinho, ainda deve ser ativar o serviço médico de emergência e aplicar compressões torácicas. Pode haver circunstâncias que justi quem uma alteração na sequência, como a disponibilidade de um DEA que o pro ssional possa rapidamente buscar e usar.
Choque primeiro versus RCP primeiro
Em PCR de adultos presenciada, quando há um DEA disponível imediatamente, deve-se usar o desfibrilador o mais rapidamente possível. Em adultos com PCR sem monitoramento ou quando não houver um DEA prontamente disponível, deve-se iniciar a RCP enquanto o desfibrilador é obtido e aplicado e tentar a desfibrilação, se indicada, assim que o dispositivo estiver pronto para uso.
Embora inúmeros estudos tenham se dedicado a saber se há algum benefício obtido com a aplicação de compressões torácicas por um determinado período (normalmente, 1,5 a 3 minutos) antes da administração do choque, não se observou nenhuma diferença no desfecho quando comparado com a administração do choque tão logo o DEA esteja pronto. A RCP deve ser administrada enquanto as pás do DEA são aplicadas e até que o DEA esteja pronto para analisar o ritmo.
Velocidade das compressões torácicas: 100 a 120/min
Em vítimas adultas de PCR, o correto é que os socorristas apliquem compressões torácicas a uma frequência de 100 a 120/min.
A frequência mínima recomendada para as compressões continua sendo de 100/min. O limite superior de 120/min para a frequência foi adicionado porque, segundo uma série ampla de registros, à medida que a frequência das compressões aumenta e ultrapassa 120/min, a profundidade das compressões diminui de forma dependente da dose. Por exemplo, a proporção de compressões de profundidade inadequada era de cerca de 35%, para uma frequência de compressões de 100 a 119/min, mas aumentava com profundidade inadequada em 50% das compressões, quando a frequência das compressões era de 120 a 139/min, e com uma profundidade inadequada em 70% das compressões, quando a frequência de compressões era superior a 140/min.
Profundidade das compressões torácicas
Durante a RCP manual, os socorristas devem aplicar compressões torácicas até uma profundidade de, pelo menos, 2 polegadas (5 cm) para um adulto médio, evitando excesso na profundidade das compressões torácicas (superiores a 2,4 polegadas (6 cm)).
A profundidade das compressões, de aproximadamente 5 cm, está associada a uma maior probabilidade de desfechos favoráveis em comparação com compressões menos profundas. Embora haja menos evidências sobre a existência de um limite superior além do qual as compressões poderiam ser demasiadamente profundas, um recente pequeno estudo sugere possíveis lesões (não potencialmente fatais) causadas pelo excesso de profundidade das compressões torácicas (superior a 2,4 polegadas (6 cm). Pode ser difícil julgar a profundidade de compressão sem o uso de dispositivos de feedback. A identificação dos limites superiores da profundidade de compressão também pode ser um desafio. É importante que os socorristas saibam que a profundidade das compressões torácicas é geralmente mais superficial do que profunda demais.
Retorno do tórax
Os socorristas devem evitar apoiar-se sobre o tórax entre as compressões, para permitir o retorno total da parede do tórax em adultos com PCR. O retorno total da parede do tórax ocorre quando o esterno retorna à posição natural ou neutra durante a fase de descompressão da RCP. O retorno da parede do tórax cria uma pressão intratorácica
negativa relativa que promove o retorno venoso e o fluxo sanguíneo cardiopulmonar. Ao apoiar- se sobre a parede torácica entre as compressões, impede-se o retorno total da parede do tórax. Quando incompleto, o retorno aumenta a pressão intratorácica e reduz o retorno venoso, a pressão de perfusão coronária e o fluxo sanguíneo do miocárdio, podendo influenciar os desfechos da ressuscitação.
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