Infecção do Trato Urinário

  • Infecção urinária: pode ser assintomática ou sintomática. O termo ITU abrange a bacteriúria assintomática (BUA), cistite, prostatite e pielonefrite. A BUA ocorre na ausência de sintomas atribuíveis à presença de bactérias no trato urinário e, em geral, não necessita de tratamento, enquanto a ITU implica em doença sintomática, justificando a terapia antimicrobiana. A cistite refere-se a uma infecção sintomática da bexiga; e a pielonefrite, à infecção sintomática dos rins.
    • Epidemiologia
      • Ocorre muito mais frequentemente nas mulheres do que nos homens.
      • Durante o período neonatal, a incidência de ITU é ligeiramente maior entre indivíduos do sexo masculino, visto que apresentam mais anomalias congênitas do trato urinário.
      • Depois dos 50 anos de idade, a obstrução por hipertrofia prostática torna-se comum nos homens, e a incidência de ITU torna-se quase tão alta nos homens do que nas mulheres.
      • Entre 1 e cerca de 50 anos de idade, a ITU e a ITU recorrente são predominantemente doenças de mulheres.
      • A prevalência da BUA é de cerca de 5% entre mulheres de 20-40 anos de idade e pode atingir 40 a 50% entre mulheres e homens idosos.
      • Até 50 a 80% das mulheres na população geral apresentam pelo menos uma ITU durante a sua vida – na maioria dos casos, cistite não complicada.
      • O uso recente de um diafragma com espermicida, as relações sexuais frequentes e uma história de ITU constituem fatores de risco independentes para a cistite aguda.
      • A cistite está temporalmente relacionada a relações sexuais recentes, com um aumento de sessenta vezes na probabilidade relativa de cistite aguda dentro de 48 h após uma relação sexual.
      • Em mulheres sadias após a menopausa, a atividade sexual, o diabetes melito e a incontinência são fatores de risco para a ITU.
    • Etiologia
      • Os agentes etiológicos são: E. coli representa 75 a 90% dos microrganismos isolados; Staphylococcus saprophyticus responde por 5 a 15%; e espécies de Klebsiella, Proteus, Enterococcus, Citrobacter e outros microrganismos, por 5 a 10%.
    • Fisiopatologia
      • Via coluna de urina: O trato urinário pode ser considerado como uma unidade anatômica ligada por uma coluna contínua de urina que se estende desde a uretra até os rins. Na maioria dos casos de ITU, as bactérias estabelecem uma infecção por meio de sua ascensão até a bexiga através da uretra. A ascensão contínua do ureter até o rim constitui o caminho para a maioria das infecções do parênquima renal. A interação entre fatores do hospedeiro, do patógeno e ambientais determina se haverá invasão tecidual e infecção sintomática.
      • Via hematogênica: As bactérias também podem ter acesso ao trato urinário através da corrente sanguínea. Entretanto, a disseminação hematogênica responde por < 2% das ITU documentadas e, em geral, resulta de bacteremia causada por microrganismos relativamente virulentos, como Salmonella e S. aureus. Com efeito, o isolamento de um desses patógenos de um paciente sem cateter ou outra instrumentação justifica a pesquisa de uma fonte hematogênica. As infecções hematogênicas podem produzir abscessos focais ou áreas de pielonefrite dentro de um rim e resultam em culturas de urina positivas.
    • Fatores que influenciam a fisiopatologia
      • As bactérias frequentemente entram na bexiga após uma relação sexual, porém a micção normal e os mecanismos de defesa inatos do hospedeiro na bexiga eliminam esses microrganismos.
      • Qualquer corpo estranho existente no trato urinário, como um cateter urinário ou cálculo, proporciona uma superfície inerte para a colonização de bactérias. A micção anormal e/ou um volume de urina residual significativo promove uma infecção verdadeira.
      • A colonização do introito vaginal e da área periuretral por microrganismos da flora intestinal (habitualmente E. coli) constitui a etapa inicial crítica na patogenia da ITU. A relação sexual está associada a um risco aumentado de colonização vaginal por E. coli e, portanto, aumenta o risco de ITU
      • O refluxo vesicoureteral, a obstrução ureteral secundária à hipertrofia prostática, a bexiga neurogênica e a cirurgia de derivação urinária criam um ambiente favorável para a ITU. Os fatores anatômicos – especificamente, a distância entre a uretra e o ânus –, são considerados como o principal motivo pelo qual a ITU é predominantemente uma doença de mulheres jovens, e não de homens jovens.
      • As mulheres com ITU recorrente têm mais tendência a ter tido a primeira ITU antes dos 15 anos de idade e a ter uma história materna de ITU.
    • Quadro clínico
      • Cistite: disúria, polaciúria, urgência, noctúria, hesitação, desconforto suprapúbico e hematúria macroscópica.
      • Pielonefrite: a leve pode se manifestar na forma de febre baixa, com ou sem dor lombar inferior ou no ângulo costovertebral, enquanto a pielonefrite grave pode manifestar-se na forma de febre alta, tremores, náusea, vômitos e dor no flanco e/ ou lombar.
      • Prostatite: Em geral, há febre e calafrios, e os sintomas de obstrução do orifício vesical são comuns.
    • Diagnóstico
      • História clínica
      • Fita reagente para urina, exame de urina e cultura de urina
      • Hemocultura
    • Tratamento
      • ITU baixa (cistite): Primeira escolha – norfoflaxacino; segunda escolha – nitrofurantoína.
      • ITU alta não complicada: Ciprofloxacino ou cefuroxima – 10 a 14 dias.
      • ITU alta complicada: Ciprofloxacino ou cefuroxima ou ceftriaxona – 14 dias.

Deixe um comentário

Blog no WordPress.com.

Acima ↑